Por: Caio Maciel
O Cerrado, um dos biomas mais ricos e ameaçados do Brasil, guarda um tesouro que pode transformar a agropecuária nacional: o baruzeiro. Conhecida também como cumaru ou cumbaru, essa árvore nativa está ganhando destaque como uma alternativa sustentável e lucrativa para sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).
Com madeira de qualidade e sementes valorizadas no mercado internacional, o baruzeiro surge como uma opção promissora para produtores rurais. Além disso, sua adaptação ao ambiente do Cerrado e seu potencial econômico chamam a atenção de pesquisadores e investidores. Vamos explorar por que essa árvore pode ser a próxima grande aposta do agronegócio brasileiro.
O baruzeiro (Dipteryx alata) é uma árvore nativa do Cerrado, bioma que ocupa cerca de 22% do território brasileiro. Suas sementes, conhecidas como baru, têm ganhado espaço no mercado internacional devido ao seu alto valor nutricional e versatilidade.
Segundo a revista Fact.MR, a demanda pelo baru cresce 25% ao ano, com o Brasil liderando a produção mundial. Quase metade das sementes são exportadas, principalmente para Europa e Estados Unidos. Esse crescimento reflete a busca por alimentos naturais e sustentáveis, colocando o baruzeiro em evidência.
Além das sementes, a madeira do baruzeiro é valorizada por sua resistência e durabilidade. Para produtores rurais, isso significa uma nova fonte de renda, complementando atividades como a pecuária e o cultivo de grãos.
Os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) são uma tendência no agronegócio, combinando diferentes atividades em uma mesma área. Atualmente, o eucalipto é a espécie mais utilizada nesses sistemas, mas o baruzeiro apresenta vantagens competitivas.
Fernando Rocha, pesquisador da Embrapa Cerrados, explica que o baruzeiro é preservado espontaneamente por pecuaristas. “Eles mantêm a árvore porque ela fornece sombra e alimento para os animais”, diz. Essa adaptação natural facilita sua inserção em sistemas integrados, reduzindo custos e aumentando a produtividade.
Além disso, o cultivo do baruzeiro contribui para a preservação do Cerrado, bioma que já perdeu mais de 50% de sua vegetação original. Ao valorizar espécies nativas, os produtores ajudam a conservar a biodiversidade e a reduzir o desmatamento.
Apesar do potencial, o cultivo comercial do baruzeiro ainda enfrenta desafios. Um dos principais é a produção de mudas de qualidade. Atualmente, não há uma metodologia estabelecida para sua reprodução assexuada, essencial para garantir a uniformidade das plantas.
No entanto, pesquisas da Embrapa têm mostrado resultados promissores. Técnicas como enxertia e estaquia estão sendo testadas, com taxas de sucesso que podem chegar a 90%. Esses avanços são fundamentais para viabilizar o plantio em larga escala.
Outro ponto importante é a seleção de sementes. Pesquisadores analisaram mais de 2.200 amostras de frutos, avaliando características como tamanho, rendimento em polpa e teor de proteína. Esses estudos ajudam a identificar as melhores variedades para o cultivo comercial.
O baruzeiro não é apenas uma aposta para o mercado interno. Suas sementes já conquistaram consumidores na Europa e nos Estados Unidos, onde são valorizadas por seu sabor único e propriedades nutricionais.
Kolbe Soares, analista da WWF-Brasil, destaca que o baru faz parte de um mercado global crescente de produtos nativos do Cerrado. “Além de gerar renda para comunidades extrativistas, o comércio do baru fortalece a economia local e reduz a pressão pelo desmatamento”, afirma.
No entanto, Fernando Rocha alerta para a necessidade de um sistema de produção estruturado. “Se não investirmos no cultivo comercial, outros países podem desenvolver a tecnologia e dominar o mercado, como aconteceu com a macadâmia”, explica.
O baruzeiro representa uma oportunidade única para o agronegócio brasileiro. Com benefícios ambientais, econômicos e sociais, essa árvore nativa pode se tornar um ativo estratégico para o país.
À medida que as pesquisas avançam e o cultivo comercial se consolida, o baruzeiro tem tudo para revolucionar a agricultura brasileira e conquistar o mercado global. Para os produtores rurais, é uma chance de diversificar a produção e aumentar a renda. Para o meio ambiente, é um passo importante na preservação do Cerrado.
Estudante de Medicina na USP, com certificações como ledor e profissional de digitação, além de experiência na criação de conteúdos de qualidade para o nicho de Casa e Jardim.
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